Sambanzo, projeto do músico Thiago França, é a continuação de seu CD de estréia, "Na Gafieira". Lançado em 2009, o álbum explorava o universo tradicional da gafieira, do samba, choro e da dança de
salão. Já nessa época, a aproximação com a cultura africana, musical e religiosa, deu ao músico uma nova perspectiva sobre o conceito de gafieira. Aprofundando-se cada vez mais na música de raiz negra espalhada pelo mundo - Brasil, América Central e na própria África - descobriu na junção do ritmo constante e melodias concisas, quaseprimitivas, a pedra fundamental da gafieira.
"Sambanzo", termo cunhado por Thiago, é a junção de duas palavras:"samba" e "banzo". Banzo, palavra que vem iorubá, é um sentimento que tem como melhor definição o "blues" dos negros americanos, saudade
que os escravos sentiam da África.
"Sambanzo: Etiópia", primeiro disco do projeto, gravado na tarde de 23 de julho de 2011, explora novas possibilidades sonoras, partindo do samba e de seus desdobramentos, flertando com a música africana e
latina e dialogando com a linhagem evolutiva do jazz, mais livre e elástica, abertas a improvisos e a criação coletiva dos músicos, celebrando as todas as influências incorporadas ao logo dos dois primeiros anos do projeto, do afrobeat e do ethio-jazz à guitarrada paraense e cantigas tradicionais da Umbanda.
O compositor e violonista Kiko Dinucci, a cantora Juçara Marçal e o compositor e saxofonistaThiago França lançam o disco “Metá Metá”, com canções de Siba Veloso, Maurício Pereira,Lincoln Antonio, Douglas Germano, por exemplo, além de músicas de Kiko Dinucci e parcerias. O trio formado por Dinucci, Juçara e França investe em arranjos econômicos que ressaltam elementos melódicos e signos da música de influência africana no mundo. O disco tem sido citado e elogiado em veículos internacionais como o jornal francês Vibrations Music e a revista inglesaWire, na qual foi apontado como o álbum brasileiro de 2011, pelo jornalista inglês Russ Slater, além de receber ótimas críticas no Estadão, Folha de São Paulo, O Globo entre outros veículos de destaque no Brasil. O lançamento digital de “Metá Metá” aposta na integração entre música e imagem e traz vídeos assinados por convidados: os artistas plásticos Edith Derdyk, Tatiana Blass,Marcelo D`Saletee Gina Dinucci e o diretor de cinema francês Jeremiah são alguns deles. O álbum será disponibilizado gratuitamente no aplicativo musical Bagagem, criado pelo grupo Axial, que traz as faixas em mp3, os vídeos de cada música, encarte e ficha técnica. O software também permite interação do ouvinte com os artistas por meio de uma rede social do próprio aplicativo. Em agosto,“Metá Metá” (Selos – Circus/ Desmonta) ganha edições em vinil e CD. O termo metá metá, na língua Iorubá, falada pelo grupo étnico africano que habita a Nigéria, faz referência à ideia da tríade. De acordo com o pesquisador Nei Lopes, no livro “Logunedé: Santo menino que velho respeita”, a palavra metá significa três. Assim, metá-metá pode ser traduzido, em um sentido mais próximo à tradição africana, como a síntese de três elementos em um. Em “Metá Metá”, a tríade aparece nos arranjos para voz, violão e sax (ou flauta) em boa parte do repertório, que inclui faixas como “Obá Iná”, de Douglas Germano, e “Vias de Fato”, parceria de Germano com Edu Batata e Kiko Dinucci. Há também o cavaquinho de Rodrigo Campos na música “Samuel”, parceria do músico com Dinucci. Kiko Dinucci é compositor e violonista. Tem seis discos lançados: “Padê” (2008), com Juçara Marçal; “Pastiche Nagô” (2008), com Bando AfroMacarrônico; “O Retrato do Artista Quando Pede” (2009), com Duo Moviola, e “Na Boca dos Outros” (2010), com vários intérpretes e Passo Torto (2011) com Romulo Fróes, Rodrigo Campos e Marcelo Cabral. Lançou em 2006 o documentário “Dança das Cabaças – Exu no Brasil” Juçara Marçal, cantora, além do disco “Padê” (2008), gravou os discos “Turista Aprendiz” (1999),“Baião de Princesas” (2000) e “Trilha, Toada e Trupé” (2007), com o grupo A Barca; “Flor D’Elis”(1998), “180 anos de samba cantando Adoniran & Noel” (2002), ao lado de MPB4, Luiz Tatit eRoberto Silva, e “Ser Tão Paulista” (2004), com o grupo Vesper Vocal. Thiago França, saxofonista e compositor, lançou em 2008 o disco “Na Gafieira”. Já dividiu palco com nomes como Elza Soares, Instituto e Nelson Sargento. Colabora atualmente com artistas como Romulo Fróes, Rodrigo Campos, Criolo e Lurdez da Luz. Dirige a Gafieira Nacional e lançou em 2011 o disco de seu novo projeto, Marginals.
Filha do grande Itamar Assumpção e ex integrante do Dona Zica, essa é a Anelis Assumpção debutando com o seu primeiro álbum intitulado "Sou suspeita estou sujeita não sou santa". Um álbum que traz várias visões da música brasileira atual. Vale a pena baixar o ponta pé inicial de mais um grande nome de nossa música.
O baiano radicado carioca, Lucas Santtana, lançou essa semana seu último disco, chamado "O Deus que devasta mas também cura" em sua página no Facebook. O álbum teve a colaboração de vários artistas como: Gui Amabis, CéU, Bruno Buarque, Curumim, Marcos Gerez, Letieres Leite, entre tantos outros.
Segue agora os comentários do próprio Lucas sobre as faixas de seu álbum.
“80% das composições do disco foram feitas num periodo de 2 meses. Foi esse grupo de canções irmãs que deu origem ao disco. Além disso, outra coisa que dá unidade a ele é a presença de camadas orquestrais, ora tocadas, ora sampleadas”.
1- O DEUS QUE DEVASTA MAS TAMBÉM CURA
“Fiz essa música originalmente para o disco do Gui Amabis. Foi a música que desencadeou todas as composições do disco. A faixa tem a participação especial de Letieres Leite & Orkestra Rumpilezz”.
2- MÚSICO
“Fiz uma versão para essa parceria de Tom Zé (letra) com os Paralamas do Sucesso (música). Acho essa letra uma das mais lindas da história da MPB. Tem participação da Céu nos vocais, Curumin na mpc, Marcos Gerez (Hurtmold) no baixo, Gustavo Ruiz nas guitarras, Mauricio Fleury (Bixiga 70) no sinthy, Rica Amabis (Instituto) nos samples e Bruno Buarque na bateria. Como a faixa se chama “Músico”, quis chamar músicos que eu admiro para tocar nela. Sampliei orquestrações de Beethoven”.
3- JOGOS MADRUGAIS
“Fiz essa música depois de uma noitada jogando videogame, mas quando terminei a letra e mostrei para a banda, todos acharam que se tratava de uma noitada de drogas e sexo, hahahaha. O refrão em inglês é inspirado num documentário que vi sobre neurociência. E definitivamente, é uma música para as pistas! Usei baterias eletrônicas vintages nela e sampliei o Quarteto de cordas de Ravel”.
4-É SEMPRE BOM SE LEMBRAR
“Balada prima irmã de “O Deus…”. Tem a participação do produtor Gui Amabis nos samples de orquestra, do maestro Luca Raele (Nouvele cousine) no clarinete, de Kassin no baixo acustico e de Marcelo Lobato (O Rappa) no vibrafone”.
5- SE PÁ S.K.A S.P
“Fiz essa música para São Paulo. Inspirado na minha convivência com os meus amigos nacidade. É um s.ka clássico com participação de Morotó Slim (Retrofoguetes) nas guitarras surf music. Os arranjos de metais eu mesmo escrevi”.
6- ELA É BELÉM
“Tanto a música quanto a culinária fizeram de Belém do Pará um lugar mítico para mim. Sempre quis conhecer mas nunca rolou. Então fiz essa música para a cidade sem nunca ter ido lá. Como um mantra para abir essa porta. E esse ano finalmente rolou. Toda a faixa foi produzida por Gilberto Monte em Salvador-BA, incluindo orquestra e eletrônica”.
7- VAMOS ANDAR PELA CIDADE(versão instrumental)
“A princípio tinha letra, mas o arranjo de metais do Guizado ficou tão contundente e casou tanto com os arranjos orquestrais do disco, que resolvi deixá-la instrumental”.
8- PARA ONDE IRÁ ESSA NOITE?
“Outra balada, inspirada numa noitada em São Paulo. Uma ficção a partir da realidade. 7 faixas do disco tiveram como banda Marcelo Callado(bateria), Ricardo DiasGomes(baixo) e Gustavo Benjão(guitarra), Lucas Vasconcellos(teclados) e David Cole(efeitos). Essa é uma delas”.
9- DIA DE FURAR ONDA NO MAR
“Fiz essa música para meu filho Josué e meus dois sobrinhos, Joaquim e Mateus. No processo acabei usando trechos do livro ABC do Josué, que será lançado esse ano pela Editora Dantes. Nele, Josué dá suas definições para diversas palavras do nosso cotidiano. Gravei a voz de vários amigos do Josué no final da faixa se convidando”.
10- O PALADINO E SEU CAVALO ALTAR
“Uma versão que fiz para uma música da banda inglesa My Tiger My Timing. O Buguinha Dub diz que é um Kuduro, eu não sei. Só sei que ela foi bastante influenciada pelas minhas discotecagens de Global Guettotech”.
Melhor compositora de sua geração, Adriana Calcanhotto mantinha até agora uma relação episódica e um tanto reverente com o samba. Ao dedicar todo um disco a ele, mostra-se à vontade para repaginar temas tradicionais do gênero com um olhar contemporâneo - ou melhor, calcanhottiano, dado seu jeito muito peculiar.
O baixo de Alberto Continentino, as percussões e a bateria de Domenico Lancelotti e participações como a da guitarra de Rodrigo Amarante traduzem a liberalidade da artista com o samba. Em "Pode se remoer", uma batida que remete ao axé baiano e a guitarra distorcida provam que, para o bem e às vezes para o mal, ortodoxia não é a regra.
Mas os temas são reconhecíveis, embora tratados à moda da compositora. Em "Mais perfumado", o antigo malandro continua driblando a patroa, mas ela agora é narradora e, com ironia, avisa que sabe de tudo.
A trama de "Já reparô?" emula os velhos sambas sincopados, faz lembrar as composições de Janet de Almeida, mas a perversa narradora não poupa um "o amor é hiperquântico".
"Vem ver" é parente do "Não sou mais disso" de Zeca Pagodinho e Jorge Aragão: um homem prometendo entrar no prumo em nome de seu grande amor, mas sem carolice, pois se anuncia "escravo" diurno e "predador" noturno.
E, encerrando com brilho o disco, "Tá na minha hora" inverte o costumeiro "até quarta-feira" dos machões e põe na voz da cabrocha mangueirense o adeus carnavalesco, com direito a "te deixo a geladeira cheia e sem promessa" e "não chora, neguinho, não chora".
Se há um anticlímax a ser registrado num insuspeito CD de Calcanhotto todo de sambas (bem, "Deixa, gueixa" é marchinha e "Tão chic" fica entre a marcha-rancho e o frevo, mas tudo é carnaval), é que as duas melhores faixas já são conhecidas.
Feita para (e ideal na extensão da voz de) Marisa Monte, "Beijo sem" foi gravada por Teresa Cristina ao lado de Marisa, e é outra a inverter os papéis, com a mulher flanando pela Lapa e chamando "orgia" de "meu bem".
A melhor de todas é "Vai saber?", esta feita para Mart'nália e gravada por Marisa. Um belíssimo exemplar de samba que fica entre o desalento e a praga, com o narrador unissex desejando à sofrida distância que a pessoa amada ainda venha a corresponder, ainda que "tarde demais".
Calcanhotto e o samba ainda merecem muitos encontros felizes, alguns até sem certas heterodoxias de arranjo. Só para experimentar.
Formada em Recife, no começo de 2010, a Kalouv é o encontro de dez mãos que produzem música instrumental, utilizando-se da memória afetiva e musical de cinco jovens com influências aparentemente distintas: o tecladista Bruno Saraiva, os guitarristas Saulo Mesquita e Túlio Albuquerque, o baixista Basílio Queiroz e o baterista Rennar Pires.
Com uma postura bastante intimista nas composições, o grupo acaba encontrando uma forma peculiar de comunicar-se com o público. Na ausência de voz, o ouvinte é naturalmente convidado a imergir num amplo universo sensorial, contemplado em todas as músicas até aqui compostas. Trata-se de uma sensação parecida com a gerada pelas trilhas sonoras de cinema, mas aqui é oferecida uma metafórica tela branca, onde cada indivíduo pode criar significados próprios.
O fio condutor desta comunicação é feito por uma musicalidade que detém diversas características do chamado Pós-Rock e do Rock Progressivo – com guitarras cheias de reverb, riffs distorcidos, temas singelos de piano e fortes doses de ambiência –, mas que carrega influências típicas de quem vive em torno da maresia entranhada na capital pernambucana. Nestes fragmentos estão presentes, mais do que referências musicais, olhares curiosos, voltados às histórias escondidas no cotidiano recifense.
Em maio de 2010, mesmo tendo apenas duas músicas gravadas, de forma caseira, a banda foi convidada a compor a trilha sonora do recital A poeticidade de Jomard Muniz de Britto, produzido pelo grupo literário e performático Dremelgas e apresentado no auditório da Livraria Cultura. As duas faixas também renderam convite para um show, realizado no Centro Cultural Dosol, em Natal, junto com a banda paulista Labirinto. Além disso, foram feitas apresentações no Espaço N.A.V.E., Bomber Rock Bar e no primeiro Grito Rock realizado na cidade de Olinda.
Um pouco folk e um pouco low fi. É assim que pode se tentar resumir o novo álbum do D MinGus, artista da cena independente do Recife. O mesmo traz uma bagagem de quem já tocou com ícones fortes da música pernambucana como: Isaar França, Zeca Viana e Jean Nicholas. Após o sucesso de seu debut solo em 2010 com "Filmes e quadrinhos", D MinGus se lança nesse novo projeto com influências fortes do folk, tanto no violão de aço quanto nas percussões, notáveis em quase todas as músicas. Um ótimo disco pra ouvir gastando um fim de tarde .